Ser feliz é o que todos queremos, mas felicidade é algo muito individual, pois cada um tem uma concepção do que é felicidade. A felicidade de uns pode ser o quotidiano de outros, ou seja, alguém pode sonhar ser feliz tendo algo que para outros não tem valor que possa trazer felicidade. Podemos dizer que a felicidade envolve todas as áreas da vida, a financeira, sentimental, emocional, social, intelectual, física e a espiritual, e todos buscam um mesmo ideal: a felicidade, porem cada um indo numa direção que acredita ser o caminho da felicidade. Quando a pessoa não tem estrutura para lidar com os imprevistos e intempéries da vida que muita das vezes impede que nossos projetos de vida se concretizem causando frustrações e desânimo, sem estrutura para superar essas situações torna-se difícil um recomeço e os tendenciosos a inveja ao observarem os mais próximos sendo bem sucedidos e felizes, não tem resistência e acabam sendo contaminados com o sentimento invejoso, pois ao compararem sua situação não animadora com a dos bem sucedidos abrem as portas para esse mal, mas a inveja pode se manifestar de diversas maneiras e na maioria dos casos ela se mantém sorrateiramente em “silêncio”.
Etimologicamente a palavra “inveja” vem do verbo latino videre que indica a ação de ver, e da partícula in, formando então invidere que significa olhar com maus olhos, projetar sobre alguém um olhar com malicia, com segundas intenções. Somente analisando a etimologia da palavra já vemos que não se trata de algo bom, pois a bíblia já nos dá um diagnostico de quem age de tal maneira: “A candeia do corpo é o olho. Sendo, pois, o teu olho simples, também todo o teu corpo será luminoso; mas, se for mau, também o teu corpo será tenebroso.”(Lc 11:34). A inveja é um mal que assola o homem desde muito tempo, podemos citar o caso de Caim e Abel, dos irmãos de José, que o venderam por inveja e o próprio Filho de Deus que foi entregue pelos fariseus a morte porque estavam inchados de inveja contra o mestre (Mt 27:18) e o caso mais clássico que foi o de lúcifer que invejou o próprio criador e desejou ser como Deus e após a sua rejeição e expulsão, invejou a criação de Deus, o homem, pois via no homem a glória de Deus e foi esta inveja que o motivou a investir no seu projeto maléfico de desviar o homem do seu criador.
De acordo com Granada (Frei Luis Granada - Teólogo que escreveu diversas obras sobre o assunto) “a inveja tortura quem a tem, abrasa o coração, fadiga o entendimento, rouba a paz de consciência, faz triste os dias da vida e afasta da alma o contentamento e a alegria ”, esta frase define muito bem as conseqüências do sentimento invejoso, pois ninguém é mais prejudicado do que seu portador. A inveja poder se manifestar de diversas maneiras, isso se deve pelo fato dela agir conforme a personalidade de cada um, mas na maioria dos casos ela causa duas atitudes no invejoso: a primeira é que o invejoso guarda consigo tal sentimento, fazendo com que seus sentimentos sejam corroídos como a ferrugem corroí o ferro, porem nada faz para prejudicar a pessoa alvo de sua inveja, guarda consigo um veneno que aos poucos vai contaminando todo seu ser, na segunda forma a inveja se manifesta num grau mais agressivo e a pessoa não consegue suportar e acaba se esforçando para atrapalhar a vitima invejada e tenta de todas as formas apagar a luz do seu próximo, esse tipo de inveja pode chegar a atitudes extremas, mas em ambos os casos e em outros possíveis não se pode negar que a inveja traz a vida uma estagnação, a tristeza, depressão, negativismo e o pior, o afastamento de Deus.
È curioso notar que a observação do comportamento invejoso não é tarefa anacrônica, varias pesquisas tem sido feitas e comprovam a atualidade desse tema, uma pesquisa feita por uma agencia brasileira que entrevistou 405 pessoas a respeito dos sete pecados capitais, dos quais a inveja é um, constatou que 45% dos entrevistados não conheciam todos os sete pecados capitais, mas todos conheciam a inveja e suas conseqüências. Diversas áreas do pensamento humano como a filosofia, a teologia, a psicologia e a sociologia tem dado grande ênfase ao assunto, estudos no mundo inteiro tem sido realizados afim de se entender melhor esse sentimento para que possam ajudar pessoas que sofrem de tal mal a se livrarem ou aprenderem a dominá-lo.
Sentimento em que se misturam ódio e o desgosto, e que é provocado pela felicidade ou a prosperidade de outrem. É o desejo irrefreável de possuir ou gozar, em caráter exclusivo, o que é possuído ou gozado por outrem. Essas são definições que o dicionário Houaiss dá a inveja, vejamos que a inveja é um “abismo que chama outro abismo” e decorre sempre do desejar que outro não possua algo que não se pode ter, ela envolve a situação financeira de um pessoa, os bens matérias que esta possui, alguma característica física ou até mesmo a intelectualidade entre outras coisas. O invejoso na maioria das vezes sofre de falta de auto-reconhecimento, ele não consegue enxergar em si suas virtudes e qualidades e se acha incapaz de conquistar o que se deseja, sua auto-estima é baixíssima o que quase sempre lhe causa frustrações e depressão. A realidade é algo de que o invejoso sempre foge, por se cego para suas qualidades e virtudes e enxergar somente as dos outros ele se acha rebaixado e sofre uma prisão temperamental de onde não consegue sair e ser livre, sua vida fica presa a vida dos outros e quanto mais os outro prosperam e se tornam felizes, mais triste e depressiva será sua vida, a felicidade alheia é a tragédia do invejoso e muita das vezes o invejoso perde a razão e acaba se prejudicando o que faz com que pareça cada vez mais que os outros avançam e ele regrida, uma estória que ilustra muito este fato é a estória de um homem que invejava vorazmente seu vizinho e um certo dia este homem recebe a visita de uma fada que lhe dá o direito de fazer um pedido que seria atendido, mas com uma observação, que tudo aquilo que ele pedisse seu vizinho receberia em dobro, então dominado pela sua inveja o homem pediu que ela lhe arrancasse um olho, para que assim do seu vizinho fosse arrancado os dois, isto ilustra muito bem a que ponto o sentimento de inveja pode levar um homem, pois perdendo se a razão ele deixa de pensar nas conseqüências que podem ser prejudiciais a si mesmo..
A inveja impede o homem de ser feliz, ela atua de forma que até sua saúde é prejudicada, a depressão, insônia e até mesmo suicídio são sinais somáticos do reflexo da inveja na vida de quem está dominado por ela, a palavra do Senhor nos diz: “O sentimento sadio é vida para o corpo, mas a inveja é podridão para os ossos.” (Pv.14:30) e que sentimento sadio pode ser este a não ser o amor e só o amor pode enfrentar e vencer o mal, o amor é invencível, a bíblia já dizia que a inveja é difícil de ser enfrentada: “O furor é cruel e a ira impetuosa, mas quem poderá enfrentar a inveja?”(Pv 27;4). Todos estes sentimentos que assolam a humanidade e nos cristão temos que travar uma verdadeira batalha para dominarmos nossa natureza e deixar que o Espírito Santo atue em nossas vidas, pois sabemos que tais sentimentos são inerentes a natureza do homem, mas nos fomos renovados pela atuação da cruz em nossas vidas e isto nos dá poder para enfrentarmos qualquer inimigo seja qual for seu poder, sabemos que a inveja não é um sentimento que combina com a vida de um santo, nos que somos herdeiros de Deus não fomos chamados para viver na inveja, mas fomos transformados no nosso entendimento, através da palavra, para dominarmos nossa inclinação carnal e temos novidade de vida em Jesus, veja: “Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus.” (Gl 5:21), mas qual a arma para vencermos a inveja e vivermos verdadeiramente como herdeiros de Deus? A resposta esta no texto abaixo:
“ Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor ” (I Corintos 13: 1 – 13).
O Amor não é invejoso, quem dera se pudéssemos praticar esse texto em toda sua essência, a bíblia inteira se resume nesses treze versículos e é o alicerce para vencermos qualquer mal. A inveja tem cura, é o antídoto é o amor, quem ama deseja o bem até mesmo pros seus inimigos, quem ama se alegra com a prosperidade e felicidade do seu próximo e agradece a Deus cada vez que um irmão recebe uma benção, cada vez que uma barreira é superada e se compadece quando vê seu próximo em dificuldades, esse sentimento sim temos que ter em nossos corações mais que a inveja fique bem longe de nós e que possamos ter paz em nosso viver, gozando das benção do Senhor Deus, pois Deus é Amor.
Wanderson Amorim